T.O.D.


Em certos momentos, ela tentava se inspirar.
Olhava o céu de final de verão, carregado, com tonalidades distintas. As vistas se confundiam, enxergavam cores que talvez não existissem.

Talvez tudo fosse preto e branco, escala de cinza, ou apenas um conceito de cor.

Sim, ela já fora um dia aquele conceito desafiador... talvez uma proposta indecente de viver intensamente.



Corria de um lado ao outro, tentando fazer acontecer algo que não sabia ao certo o que.

Um dia, amou tanto, que saiu inteira despedaçada. Como isso? Ainda tento entender.
A gente se deixa levar por um sorriso, uma promessa, uma dança... Nas inconstâncias da vida não há como saber exatamente onde parar de viver.
Talvez se ela tivesse parado, essas palavras não fizessem tanto sentido.

Por várias vezes ela contou os passos para não se perder pelo caminho, e mesmo assim, um atalho lhe parecia mais apetitoso. Como aquele pedaço de bolo de crescer de Alice, ou um gole do suco de encolher. E ai? Lá vamos nós para o país das maravilhas por esse atalho que nos suga.

Ela volta, e dá suas voltas. Mas gostaria mesmo era desafiar a vida, gritar e bradar o quanto lhe cabe ser apenas ela mesma. 


E se não há quem lhe ame o suficiente, ela sofre, chora, mas segue em frente. Corre por abraços irreais, imaginários, ilusórios. Desafia inclusive seu próprio sofrer.

Compreender que o outro pode ainda ser um conceito mais complexo que ela.

As vezes dói.






Querendo ou não, os passos que deu durante sua caminhada foram bem sinceros por mais perdidos que fossem.

A gente tende a querer acreditar nisso, caso contrario vamos enlouquecer de alguma forma.


Tentar entender talvez seja desnecessário. Porque por pior que seja, a verdade da vida está nos caminhos que percorreu. 

Se for parar pra pensar, talvez esses anos todos caminhando sem rumo fossem apenas reflexo dessa loucura e inconstância de ser. 


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