Das Presas e Prisões

Cordas e cordões,
Grades e portões,
Presas e prisões.


Ela saiu meio perambulando, meio tropeçando e caiu logo a frente, implorando ajuda a qualquer um que passasse por ali.


Não era novidade que ela pudesse estar com algum tipo de dificuldade. 
Sua mente é confusa e complexa, trazendo pra si constantes doenças que refletem o seu interior.

As portas haviam se fechado há muito tempo e na verdade ela mesma chutou o balde e saiu fora. 
Nem sequer olhou pra trás e seguiu seu rumo até adoecer. 
E adoeceu do corpo e da alma.

Suas prisões internas, seus monstros e fantasmas assombrando seus dias, amarrando seus passos, enquanto ela bebericava uma taça de vinho que durava o dia inteiro. 

À noite, ela caía em transe e por vezes dançava. Ou dormia em qualquer canto.
Talvez a pergunta mais certa a se fazer é por que ela mesma se colocava em situações que pessoas comuns fugiriam. 
Ela não era comum, não havia nada de cotidiano nela, a não ser sua rotina de autodestruição.

Fazia um esforço imenso pra abrir os olhos todas as manhãs, tomava uma xícara imensa de café, acendia um cigarro e olhava pela janela da cozinha, pensando em como seria seu dia. 
Criava expectativas demais. Se frustrava demais.

Pelas lentes de alguma camêra, mostrava seus anseios, criava arte, fazia poesia.
Para mostrar seu caos interior, era necessário que mergulhasse em seus próprios pensamentos, transitando em suas loucuras e cutucando suas feridas. 
Seus traumas completamente expostos se tornavam contos, personagens e cenários fantásticos.

A trilha sonora que acompanhava seus devaneios se fazia concreta, gritava em seus ouvidos todas suas angustias.


(não tem fim) 




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