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SĂŁo Paulo, 2025
Ei,
Hoje vocĂȘ voltou pra mim.
E nĂŁo foi numa lembrança borrada — foi inteira, em Technicolor.
Vi vocĂȘ entrando no vagĂŁo do metrĂŽ com pressa, maquiagem meio torta e o coração batendo no ritmo da playlist que tocava no fone.
Vi seu coturno pisando firme no chĂŁo da cidade, como quem desafia o destino.
Vi a jaqueta de couro surrada — aquela que jĂĄ viu mais beijos do que palavras.
Vi a calça jeans rasgada, regata justa, aquele corpo magrelo e invencĂvel,
com o cabelo tingido dizendo sem pudor: “eu sou quem eu quiser ser.”
VocĂȘ era fogo andando em carne viva. Era riso alto na Augusta.
Era cigarro emprestado e copo dividido no Dida. Era um taco de sinuca mirando a bola 8.
Era olhos fechados na pista, braços pro alto, boca cantando o refrão mais cafona como se fosse oração.
VocĂȘ me assombrou hoje. E nĂŁo com dor — mas com saudade.
Com aquele gosto bom de liberdade suada e vazia, tĂŁo inĂștil, tĂŁo urgente, tĂŁo vocĂȘ.
Queria te dizer que sinto falta de ser vocĂȘ.
De não pedir licença. De andar sozinha à noite como se São Paulo fosse minha.
De responder mensagem dizendo “chego em 10” e sair correndo com o rĂmel ainda molhado.
De dançar sem pensar se alguém tava olhando. De me sentir bonita só por estar viva.
Talvez eu tenha deixado tudo isso pra trĂĄs. Ou talvez eu tenha sĂł esquecido como Ă©.
Mas agora que te vi de novo, eu quero lembrar.
Quero reconquistar o meu corpo, meu ser. Quero achar a mĂșsica certa.
Quero dançar, nem que seja só na cozinha, de olhos fechados.
Se vocĂȘ ainda puder, me espera numa esquina dessas da vida.
A gente se encontra. E dança até doer.
Com saudade e respeito,
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